sábado, 19 de junho de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"A Pandorga"

¬–Mãe, corre aqui, olha só que legal!
Mal cabia em si, o guri, filho do General,
– Pára de encher guri, não vê que estou ocupada?
Grita a mãe com as mãos ensaboadas.

O guri não se aquieta: – Mãe vem logo, grita de novo.
– Assim não dá, que cristão agüenta esse povo?
Corre, indignada com o gritedo, para ver do que se trata.
No alto de uma árvore balança em uma gravata,

Um corpo morto. Pendia pra lá e pra cá.
A mulher não reconheceu.
A gurizada em volta gritando: pandorga, pandorga, pandorga.
Até hoje, de brincar de pipa, ninguém morreu.



Faustino Alves Filho

CONVITE

CONVITE
FÓRUM PERMANENTE DO LIVRO E DA LITERATURA
LOCAL: BIBLIOTECA P. MONTEIRO LOBATO - Gravataí
DIA: 23 de junho, quarta-feira
HORÁRIO: 18h30min



TUA PRESENÇA É IMPORTANTE!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre Saramago

Que "Ensaio sobre a Cegueira" sirva para seu grande propósito. enxergar sem os olhos.
Adeus Saramago.

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."

José Saramago


"Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala".


José Saramago


"É preciso variar, se não tivermos cuidado a vida torna-se rapidamente previsível, monótona, uma seca".

josé saramago


Na ilha por vezes habitada

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

Grande Fernando Pessoa

CAI CHUVA DO CÉU CINZENTO

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 16 de junho de 2010

POESIA DE GRAÇA PARA ELEVAR A ALMA.

A Casa de Cultura Mario Quintana

apresenta o segundo espetáculo do projeto

VOZES POÉTICAS UNIVERSAIS

Sessão de Leitura de Poesia Brasileira

e a edição especial do livro de bolso Seis poetas brasileiros,

que será sorteada para o público

Convidados especiais: Floreny Ribeiro (poetisa)

e Vitor Bitencourt (músico)


Quinta-feira, 17 de Junho de 2010, às 19 horas


Entrada Franca


Quintana’s Bar/Acervo Mario Quintana - Mezanino

Casa de Cultura Mario Quintana

Rua dos Andradas, 736 – Porto Alegre – RS – Brasil



Idealização e coordenação: Paulo Bacedônio



Apoio: Instituto Cultural Português, Academia de Letras do Brasil

e Casa do Poeta Latinoamericano

domingo, 13 de junho de 2010

Negro como a morte

Morre o ideal primeiro
Vestes sombrias-luto
Sentimentos pardos
Lançada a sorte
Sento na Lua quase nua
Sentindo os ventos do norte
Do nada surge o todo
Vestindo negro como a morte
Sinto a vida dentro de mim...
Estranha espera, cotidiana espera
Saíste do sonho, esperança
Realidade sufocante, inebriante
Distância que permite a magia
Pensar no amanhã sem amanhã
No vazio da saudade
Olho a lua
Lá estou sentada
Te acompanho pela estrada
Te esperando
Amanhã...

Isab-El Cristina

sábado, 12 de junho de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"A Carga"

A Carga


Ele surge impetuoso
Grande dono desse chão
Colhendo a carga ansiosa e apressada
Devora estradas, pára a seco,
Joga carga no colo de carga
Amarrotando a embalagem
Ditada pela moda

A plumagem das butiques
Apaga-se no cansaço do passeio
Mas ele não se importa e transporta
Aqui e ali, amassa a carga fétida no corredor,
Não tem empresário, não tem doutor,
Só Joãos, Josés e Marias,

As crianças não ficam fora dessa dança
E o compasso do balanço
Aumenta a adrenalina
Despeja de ponto em ponto
O desapontado pacote da sociedade

Deixa a fumaça negra assinar a despedida
Amanhã tudo de novo
Sem esperar nada de novo
Embarca no coletivo esse povo
Carga sofrida


Faustino Alves Filho