terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"O Abraço que não dei"

O abraço que não dei, fica retido no coração até ser convidado a manifestar-se.
O abraço que não dei, foi por timidez,mêdo de ser descoberto no mais íntimo de meus sentimentos.
O abraço que não dei, talvez não tenha sido notado por quem eu mais queria que sentisse sua falta.
O abraço que não dei, guardou em si, bem amarrado, a dor que não pude evitar que surgisse em meus olhos.
O abraço que não dei, continua aqui, bem forte para prender a quem dele não pode fazer parte.
O abraço que não dei, ficou sufocado e assim permanecerá, até que a vida traga-o de volta à superfície.
O abraço que não dei, fez mais falta a mim mesmo e a dor da falta do meu abraço em ti é eterna, até que a vida me presenteie com seu último suspiro e me dê seu último abraço.
Só então, não lembrarei mais do abraço que não dei, que te fez falta, que me fez doer a tua falta.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Leitura Gratuita - Poemas - "A Força de Ser"

Vida solta ao vento, voa coração,
A noite é tua companheira, é solidão,
O teu chão de hoje é teu teto final
A mente figura um sonho, esquece a vida real,
Onde estão os velhos amigos
Lembranças tão claras, como todo o passado,
Vários rostos foram esquecidos
É melhor deixar de lado
Viver, ser feliz de repente,
Abrir novos caminhos tem que ser pra valer,
Em cada passo, uma vitória,
Aprendiz e herói, dominando todo o poder,
Viver na certeza de jamais ser vencido
Desvendando caminhos, colhendo o que foi perdido,
No amor encontrado, está à força de ser,
E depois a lembrança de puro e lindo prazer
Viver de emoção e prazer.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Autopsicografia - Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Basta Pensar em Sentir - ( Fernando Pessoa )

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"A vida traz...as pessoas levam"

A vida trouxe, por acaso, a gota de orvalho de minha madrugada.
A gota de lágrima que secou de minha face, não tinha mais motivos para existir. A vida a colocou ao meu lado.
Tive muitos momentos de reflexão até chegar ao entendimento. O que sinto é amor.
Minha dona poderosa, vida, mostrava incessantemente as razões dela estar ali.
Eu não queria acreditar, mas a vida insistia, não haverá separação.
As armadilhas das pessoas não surtiam efeito e a vida continuava a ter razão.
Cada dia que passava, minha crença aumentava e a vida ficava mais e mais satisfeita com o resultado daquela união.
As mãos humanas trançavam redes de acontecimentos e intrigas que a vida desmanchava quase que por acaso. E agora eram dois a acreditar. A vida sabe o que faz.
Um dia, um simples planejamento material, uma incoerência mental, sem saber que estava esmagando um coração. Uma trágica decisão.
A vida não mais tinha razão...triste separação.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Deficiências - Mario Quintana

Deficiente: É aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando a imposição de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono de seu destino.
Louco: É quem não procura ser feliz com o que tem.
Cego: É aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria e só tem olhos para os seus míseros problemas e pequenas dores.
Surdo: É aquele que não tem tempo de ouvir o desabafo de um amigo, ou apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
Mudo: É aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico: É quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
Diabético: É quem não consegue ser doce.
Anão: É quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente a pior das deficiências é ser Miserável, pois:
MISERÁVEL: São todos os que não conseguem falar com Deus.

A AMIZADE É UM AMOR QUE NUNCA MORRE.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Um Dia...

"UM SONHO QUE SE SONHA SÓ
É SÓ UM SONHO QUE SE SONHA SÓ
MAS SONHO QUE SE SONHA JUNTO
É REALIDADE."

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Leitura Gratuita - Poemas-"Esperança"

Olho para cima e vejo o céu. Só queria um naco de nuvem
Olha para as pessoas e vejo tristezas. Só queria um esboço de sorriso
Olho para o campo e vejo fumaça. Só queria mais um pássaro voando
Olho para teu rosto e vejo outra pessoa em tuas lembranças. Só queria uma parte delas
Olho para o espelho e vejo a esperança indo embora. Só queria poder detê-la por mais quinze anos
Olho para meu peito e vejo...não sei o que vejo...o que vejo não devia estar ali...só a vontade de tê-la me pertence.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quem Inventou o Amor ( Legião Urbana )

Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Vem e me diz o que aconteceu
Faz de conta que passou
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Daqui vejo seu descanso
Perto do seu travesseiro
Depois quero ver se acerto
Dos dois quem acorda primeiro
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguém
Que um dia possa lhe dizer
- Quero ficar só com você
Quem inventou o amor?

( Não precisa dizer mais nada )

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Sobre o Amor

Amar:

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.
Mario Quintana

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

...É PRIMAVERA

Vem Primavera.
O jogo dos sexos renova-se
Os amantes encontram seus pares.
Já a mão subtil e conquistadora do amado
Faz arrepiar o peito da rapariga.
Ela tenta-o com o olhar furtivo.
A uma nova luz
A paisagem revela-se aos amantes na Primavera.
A grande altura avistam-se os primeiros
Bandos de pássaros.
O ar já aqueceu.
Os dias são mais longos e os
Prados iluminam-se até tarde.
Desmedida é a exuberância de árvores e ervas
Na Primavera.
Perpetuamente fecundo
É o bosque, são os prados, os campos.
E a terra dá à luz o novo
Sem cuidado.

(Poema de Bertolt Brecht)

CARTAS...COMO SÃO ESPECIAIS

No livro "Cartas de Amor" de Monteiro Lobato, que estou lendo "tartarugamente", localizei algumas bem interessante. Que fogem do padrão das outras, muito e exclusivamente românticas, dando lugar a um pouco de humor. Segue abaixo. (Mantendo sempre a forma escrita original)

Taubaté, 8.11.1906

Purezinha

    Recebi a tua microscopica cartinha onde me dizes apressadamente umas tantas coisas bonitinhas. Deliciosa! Mas, deixa estar, sra. professora, que hei de pagar-te na mesma moeda. Lá vai:
    Meu anjo.
    Que tristeza a vida, não? Eu cá, tu lá...Mal o astro rei desperta já se voltam para ti meus pensamentos, e des' que anoitece vão-se eles transformando em sonhos onde sempre tu imperas, oh minha branca rainha! (Que mais, que mais dizer? Ah! Falemos da saudade) A saudade, anjo de minh'alma, habita em mim como um inquilino cronico e a todos os meus atos ensombrece, c'o seu vago palor arroxeado...Minh'alma é triste como a rola aflita...(Que mais, que mais) Oh virgem dos meus sonhos, sol do meu viver, astro que me guia na vida, estrela polar que me conduz aos paramos etereos da felicidade-amo-te! Amo-te como só se ama uma vez na vida. Ver-te e amar-te, estrela matutina, foi obra dum só instante. (Que mais, que mais). Faz um dia quente, o sol explende fulgurante e rubido, nuvens encarneiradas pascem em bandos pelo céu, a Viscondessa toca piano, o Canella briga com as mulheres...vê: tudo fala do meu amor, tudo canta o nosso amor, o dia, o sol, as nuvens, a Viscondessa, o Canella!...
    (Agora o arrematezinho clássico) Adeus! Preciso terminar porque o correio fecha-se às 9 horas da noite e são 12 horas do dia, posso perde-lo, indo esta, nesse caso, ter às suas mãos só depois de amanhã, o que seria uma grande desgraça. Escreve-me sempre, sim?

    Saudoso abraça-te o teu


                                                                                      Juca

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"O Amor dói quando..."

...Estou tão perto e não posso te tocar.
...Te vejo chorar e não posso enxugar tuas lágrimas com meus lábios sedentos de tua boca.
...Tenho que disfarçar uma palavra mais profunda com um leve tom de brincadeira.
...Preciso usar de amizade para justificar o que faço por amor.
...Te vejo indo embora e não posso ir ao teu lado segurando tua mão.
...Penso, à noite, que ao me virar na cama, não pousarei meu abraço em teu corpo.
...Me vejo contando os minutos para te encontrar de novo.
...Meu beijo esbarra nos limites de tua face.
...Minhas palavras encontram o triste lamentar de devaneios.
...Esperar não é mais uma alternativa, e sim, a única.
...Me vejo repassando meus planos e te vejo em todos eles sem a menor certeza se darão certo.
...Sinto que preciso me calar, quando o que me aquece a vida é a vontade de gritar. Te amo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

AOS APAIXONADOS

"Os apaixonados sentem necessidade do silêncio como alimento da alma. O rumor perturba a sinfonia interna que ressoa deliciosamente".

Cartas de Amor / Monteiro Lobato

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Meu Primeiro Auto-Retrato


Duas técnicas diferentes, comentem.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pérolas e Lágrimas

"...um dia, um homem achou um cálice mágico e descobriu que, se chorasse dentro dele, suas lágrimas virariam pérolas. Daquele dia em diante, ele só cometeu atos que o entristecessem para que tivesse muitas lágrimas e muitas pérolas. Chegando ao terrível ato final de assassinar sua amada esposa, por quem chorou muito e enriqueceu muito." ( do livro: O caçador de pipas.)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Falando Socialmente

"Quem já nasce grande morre mais cedo e não curte as etapas necessárias para o crescimento."

sábado, 19 de junho de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"A Pandorga"

¬–Mãe, corre aqui, olha só que legal!
Mal cabia em si, o guri, filho do General,
– Pára de encher guri, não vê que estou ocupada?
Grita a mãe com as mãos ensaboadas.

O guri não se aquieta: – Mãe vem logo, grita de novo.
– Assim não dá, que cristão agüenta esse povo?
Corre, indignada com o gritedo, para ver do que se trata.
No alto de uma árvore balança em uma gravata,

Um corpo morto. Pendia pra lá e pra cá.
A mulher não reconheceu.
A gurizada em volta gritando: pandorga, pandorga, pandorga.
Até hoje, de brincar de pipa, ninguém morreu.



Faustino Alves Filho

CONVITE

CONVITE
FÓRUM PERMANENTE DO LIVRO E DA LITERATURA
LOCAL: BIBLIOTECA P. MONTEIRO LOBATO - Gravataí
DIA: 23 de junho, quarta-feira
HORÁRIO: 18h30min



TUA PRESENÇA É IMPORTANTE!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre Saramago

Que "Ensaio sobre a Cegueira" sirva para seu grande propósito. enxergar sem os olhos.
Adeus Saramago.

"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar."

José Saramago


"Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala".


José Saramago


"É preciso variar, se não tivermos cuidado a vida torna-se rapidamente previsível, monótona, uma seca".

josé saramago


Na ilha por vezes habitada

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

Grande Fernando Pessoa

CAI CHUVA DO CÉU CINZENTO

Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 16 de junho de 2010

POESIA DE GRAÇA PARA ELEVAR A ALMA.

A Casa de Cultura Mario Quintana

apresenta o segundo espetáculo do projeto

VOZES POÉTICAS UNIVERSAIS

Sessão de Leitura de Poesia Brasileira

e a edição especial do livro de bolso Seis poetas brasileiros,

que será sorteada para o público

Convidados especiais: Floreny Ribeiro (poetisa)

e Vitor Bitencourt (músico)


Quinta-feira, 17 de Junho de 2010, às 19 horas


Entrada Franca


Quintana’s Bar/Acervo Mario Quintana - Mezanino

Casa de Cultura Mario Quintana

Rua dos Andradas, 736 – Porto Alegre – RS – Brasil



Idealização e coordenação: Paulo Bacedônio



Apoio: Instituto Cultural Português, Academia de Letras do Brasil

e Casa do Poeta Latinoamericano

domingo, 13 de junho de 2010

Negro como a morte

Morre o ideal primeiro
Vestes sombrias-luto
Sentimentos pardos
Lançada a sorte
Sento na Lua quase nua
Sentindo os ventos do norte
Do nada surge o todo
Vestindo negro como a morte
Sinto a vida dentro de mim...
Estranha espera, cotidiana espera
Saíste do sonho, esperança
Realidade sufocante, inebriante
Distância que permite a magia
Pensar no amanhã sem amanhã
No vazio da saudade
Olho a lua
Lá estou sentada
Te acompanho pela estrada
Te esperando
Amanhã...

Isab-El Cristina

sábado, 12 de junho de 2010

Leitura Gratuita-Poemas-"A Carga"

A Carga


Ele surge impetuoso
Grande dono desse chão
Colhendo a carga ansiosa e apressada
Devora estradas, pára a seco,
Joga carga no colo de carga
Amarrotando a embalagem
Ditada pela moda

A plumagem das butiques
Apaga-se no cansaço do passeio
Mas ele não se importa e transporta
Aqui e ali, amassa a carga fétida no corredor,
Não tem empresário, não tem doutor,
Só Joãos, Josés e Marias,

As crianças não ficam fora dessa dança
E o compasso do balanço
Aumenta a adrenalina
Despeja de ponto em ponto
O desapontado pacote da sociedade

Deixa a fumaça negra assinar a despedida
Amanhã tudo de novo
Sem esperar nada de novo
Embarca no coletivo esse povo
Carga sofrida


Faustino Alves Filho

domingo, 24 de janeiro de 2010

LITERÁRIOS

MINHA QUERÊNCIA
Edílio Soares Fonseca


Minha querência naco crioulo do Rio Grande
pedaço amigo desse imenso Brasil
das verdes coxilias e céu cor de anil
amo-te tanto terra querida
que por mais distante que ande
trago sempre na retina gravada
a tua imagem que jamais será esquecida

A seiva verde do chimarrão
que se serve com paciência
é o sangue generoso da querência
herdado dos antepassados guaranis
que legaram ao gaúcho sua indômita coragem
meu rincão querido do pampa
de muitos heróis e derradeira campa
estremecida terra onde nasci

Este recanto onde pela primeira vez
do luminoso cruzeiro eu vi a luz
e onde a hospitalidade reluz
peço a Deus me deixar por aqui
e o progresso e o modernismo
a riqueza e o desenvolvimento
não deixem cair no esquecimento
a fidalguia da minha Gravataí.


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TEMPO DE CRIANÇA
Faustino Alves Filho


Hoje vi uma criança catando comida no lixo,
Eu também já fui criança
E sei o que é a dor da fome
Dói no estômago, nos olhos, no peito e na alma

Hoje eu vi uma senhora batendo em uma criança,
Talvez seu filho, talvez não
Eu sei o que dói a dor de levar um tapa,
Eu também já fui criança,
Dói no corpo, cicatriza na mente, fere o peito e fere a alma

Hoje eu vi pais aconselhando filhos,
Com o dedo em riste e palavras baixas,
Sei o que dói ouvir uma ofensa de quem mais se ama,
Eu também já fui criança,
Dói nos olhos molhados, humilha, causa ódio passageiro

Hoje eu vi crianças indo à escola, bem arrumadas,
Caminhando e conversando calmamente,
Eu também já fui criança e aprendi muito, com todos,
Não maltratemos a criança de ontem que ainda vive em nós,
O mundo ainda tem salvação,
Todos já fomos criança.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

LITERÁRIOS

Do Livro " Cartas de Amor " - Monteiro Lobato



PUREZINHA

Taubaté, 15 Novembro 1906.


Estou com a cabeça vazia de idéias - Incapaz de dizer duas palavras, por isso escrevo-te a cabo curto as tantas linhas necessárias para te contar que não morri, se bem que andei morrendo em pé de saudades da que é minha vida, paz, sossego e ventura.
Agravando-se-me o mal, parto para aí, onde tu és especialista em curar a doença da saudade, matando-a. E se não o faço já, é que umas tantas cousas me retém neste momento.
Recebi a tua de 9 com cinco dias de atraso.
Adeus. Um abraço bem apertado.

DO TEU JUCA.


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DOR DE AMOR

Faustino Alves Filho


Eu preciso falar dessa dor
Não me diga que não posso
Eu preciso comer, beber, dormir
Eu preciso falar de amor

Eu preciso dizer o que sinto
Eu preciso falar dessa dor
Meu peito clama por palavras que minha boca nega
Eu preciso falar de amor

Não tente me calar nesse momento só meu
Não vê que não cessa, não tem cheiro, não tem cor?
Peito a dentro, crava a lasca do cavaco da alma
E acende essa chama que dói

Amor.

sábado, 9 de janeiro de 2010

POEMAS

Bom dia !
A partir de hoje, estarei postando dois poemas por semana para apreciação dos amantes da leitura. Terá sempre um poema de minha autoria e outro de algum poeta famoso que me servem tanto de inspiração. Iniciarei com nosso saudoso Mário Quintana.


FELICIDADE REALISTA
Mário Quintana

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais
realista.Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.





CAÇADA
Faustino Alves Filho

Afundei em meu colchão
É um peso permanente o da vida
Me deram asas e voei, não sei pousar
É um suspiro permanente a liberdade
A passos largos anda na minha frente, a sorte
É um alimento permanente a esperança
À noite me encontro entre as pernas da lembrança
É um gozo permanente a tua ausência
Miro em mim e descubro que não estou em época de caça
É um alvo permanente a solidão
Saiu de mim quem me vê herói
Em um circo permanente de entrada franca
Espalhado pelo Rio grande, meu sangue sem face
Hereditária e permanente individualidade
Deixo o pouco bom de mim para o futuro
De passado permanente são meus dias
E assim permaneço caçador
De mim e dos meus.



AT+

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ARTE CONTEMPORÂNEA NA BERLINDA

Esse é o título de uma matéria editada em Zero Hora de 5 de Dezembro de 2009. Porquê demorei tanto para escrever sobre isso, infelizmente, não sei dizer. A verdade é que estava tão sem assunto que resolvi dar uma olhada em partes de jornais que guardo por achar que tais assuntos mereçam atenção melhor em outra hora, em que possa me concentrar melhor, horas, essas, que não chegam e os pedaços de jornais vão ficando amontoados fazendo volume e exalando aquele odor horrível de papel velho. Mas a matéria que fala sobre a arte contemporânea é muito interessante, pois coloca em evidência o quanto nossos "experts" em artes são controversos. O foco principal é a pauleira que Voltaire Schilling, nada mais, nada menos que o diretor do Memomrial do rio Grande do Sul, autor de livros sobre nazismo, revolução chinesa e política norte americana, muito respeitado no ramo das artes. Profundo conhecedor de nossa história cultural, qualificou a arte contemporânea como "flagelo","medonhice","colar sem fim de mau gosto", "perversidades" e "abominações". Está claro que ele teve um dia ruim, ou um ano ruim, para falar apalavras tão descabíveis sobre algo de tão difícil definição. Concordo com a maioria dos pensadores do campo das artes, filosofia e história da arte, que defendem que desde os anos 60 com a Pop Arte e Arte Conceitual, as certezas nesse campo são cada vez mais raras. O senhor Schilling não é o primeiro e nem será o último a criticar a arte contemporãnea, mas não podemos esquecer que a Arte é parte invisível do artista interagindo com parte invisível do espectador e cada um em sua intimidade pode, ou não, se identificar encontrando um elo entre a arte e sua alma. Admirem a arte procurando a resposta sobre suas questões em seu próprio peito.
AT +